domingo

Domicílio

O lugar.
Mais que paredes, portas, janelas…
Pessoal, fechado, quente.
Construído numa vida 
de dia-a-dia em relação
cuja identidade se entrelaça
com o que se é
como pessoa
como família
com o mundo.
Intimidade.

O encontro.
De pessoas
com a terrena assimilação da finitude.
Num abafado espaço transbordante:
Dor. Medo. Dúvida. Apelo.
O rarefeito oxigénio da esperança
Dança cambaleante 
No fio da navalha.

A Morte espreita risonha,
Como coruja em noite de solidão,
Confiante da luta vencida.

Alguém responde:
Presença.
Olhar.
Silêncio.
Palavras escolhidas.
Mãos.
Entrega num trabalho possível.

À saída.
A Morte,
Continua na sua presença constante, 
E balbucia no seu riso vencedor:
Que ingenuidade.
Semente seca em estéril pó sentimental,
Num deserto infecundo e irracional.

Mas,
Na vitória,
A Morte
Treme interrogativa. 


Por Carlos Moreira
29 de Janeiro de 2009

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