Quando eu morrer ponham-me este sorriso no rosto.
Façam do final da minha história a minha última festa, uma balada gostosa, como eu sempre gostei. Deixem tocar os tambores e as pandeiretas, pintem tudo de cores fortes e vibrantes, mas deixem a linha ténue do negro, essa cor que tanto disse de mim um dia.
Atingido o fim dos meus trabalhos na terra, digam-me ao ouvido que fui uma pessoa melhor a cada sorriso, a cada toque. Que fui boa mãe, boa filha, boa esposa.
E cantem, cantem muito, que a vida torna-se mais bonita, mais leve, como que mais melódica. Harmoniosa!
Dancem juntos. Deem as mãos e digam que se amam, que se querem, o quanto estão felizes. Digam tudo, tudo! Que o último baile seja o primeiro de muitos no paraíso.
Quando eu morrer, lancem fotografias ao ar e respirem as recordações que vos caem aos pés. Que o meu último respirar seja o desabafo de paz, de sinceridade e de pureza. Os meus olhos, espelhos de um sorriso e os meus ouvidos… Ah, como é bom escutar-vos a cantar!
Já posso ir. Outra festa espera-me além, na ponta de uma luz pequenina.
Agora… Vou deixar-me brilhar!
Na foto: Anastacia. Fotografia: Ana Emme.